Aos meus 27 anos
Fazer aniversário me faz refletir sobre mudanças e relembrar todas as fases e experiências vividas.
Recentemente vi um vídeo que a Lua Blanco fez pelo seu aniversário e me inspirou a escrever esse texto. No vídeo ela traz a reflexão que, quando completamos uma idade, nós não resetamos e acordamos uma nova pessoa, nós carregamos conosco todas as idades e experiências anteriores, por isso, resolvi refletir sobre todas as fases que me trouxeram até aqui.
Aos meus 12 anos, obrigada por ter voltado às raízes.
Na minha infância eu não sabia como era meu cabelo natural. Desde muito nova minha mãe começou a alisar meu cabelo pela facilidade de cuidar, - pois ela também tinha cabelo cacheado e passou a alisar porque não sabia como cuidar. No meio desse processo, depois de ir regularmente ao salão fazer relaxamento, eu tive um corte químico aos 10 anos. Fiquei 2 anos sem fazer nenhum tipo de química e, aos 12 anos, eu assumi meu cabelo natural, cortando todo o resto de cabelo com química e ficando com ele na nuca. Admito que ver meu cabelo tão curto doeu, mas não me arrependo nem um pouco.
Aos meus 15 anos, obrigada pela coragem.
Logo após meu aniversário de 15 anos, descobri um cisto no ovário que poderia me custar a retirada do mesmo e a dificuldade futura em engravidar - algo que sempre foi um sonho meu ainda nova. Ainda sim, escolhi apenas olhar para o presente e confiar que, mesmo sendo necessário a retirada, isso não me faria menos mulher ou menos mãe. Para quem gosta de saber a conclusão de histórias, continuo com os dois ovários e a saúde em dia.
Aos meus 17 anos, obrigada por ter sido persistente e esperançosa.
Eu descobri no período de pré-vestibular minha ansiedade - que me acompanhou por toda vida mas apresentava sintomas leves. Tive que entender sobre isso sozinha, enquanto escolhia sobre meu futuro profissional. A escolha era arquitetura e eu estava empenhada em conseguir passar em uma faculdade pública, mas a realidade foi diferente. Na época eu fiquei perdida até encontrar um curso jovem aprendiz de Web Design. Mesmo não fazendo ideia do que era e certa da minha escolha, não tinha nada a perder. Realmente não perdi nada, pelo contrário, encontrei minha paixão pelo Design Gráfico e a certeza pela arquitetura foi embora.
Aos meus 18 anos, obrigada por ter se apaixonado e arriscado.
Sempre tive crushs na infância, mas passei longos anos sem gostar de ninguém. Alguns interesses sim, mas nenhuma paixão. Até que conheci um rapaz, fiz amizade, me apaixonei, e pela primeira vez, a garota tímida e insegura, que sempre se diminuiu, confessou sua paixão e deu seu primeiro beijo. Para você que está lendo, infelizmente esse rapaz não era meu esposo, mas viver essa experiência me ajudou - e muito - com a experiência a seguir.


Aos meus 7 anos, obrigada por explorar e ser curiosa.
Por ser filha única, precisava usar minha criatividade e imaginação nas minhas brincadeiras solo, desenhando e pintando, fazendo móveis para a Barbie com papelão e objetos reciclados, costurando roupinhas para as bonecas com restos de tecido e fazendo comidinhas com massinha. Sempre amei usar meu lado artístico e, apesar de não saber claramente na época, era um sonho poder trabalhar e viver disso.
Aos meus 19 anos, obrigada por ter escolhido o homem da sua vida.
Desde os meus 12 anos minha mãe me ensinou a orar pelo meu marido e pedir aquilo que era uma prioridade na minha vida. Um dos pedidos era casar com meu melhor amigo e assim foi cumprido. Na época, arriscar uma amizade tão importante era algo desafiador, ele era meu confidente, meu conselheiro, o cara que tirava as risadas mais sinceras com brincadeiras bobas e me ouvia sempre que estava passando por uma crise de ansiedade. Ainda sim decidi arriscar uma amizade que talvez duraria alguns anos, por uma amizade para sempre.




Aos meus 21 anos, obrigada por escolher se graduar.
Não vou falar aqui como se não tivesse privilégios na vida, sempre estudei em colégio particular, mas pras condições financeiras dos meus pais, não tinha a opção de cursar uma faculdade particular. Então esperei conseguir meu primeiro emprego ganhando um salário que fosse suficiente para pagar e embarquei na vida universitária.
Aos meus 23 anos, obrigada por decidir cuidar da sua saúde mental.
Desde os 17 anos eu sempre busquei, mas nunca encontrei alguém que pudesse realmente me ajudar. Foi então que, em meio à pandemia vi a necessidade gritante - de quem tinha uma crise de pânico a cada 3 meses para quem estava tendo 3 crises em 15 dias. Minha psicóloga foi uma resposta de oração e, não só me ajudou a entender, como tratou minha ansiedade - depois de 3 anos recebi minha alta.


Aos meus 24 anos, obrigada por seguir o sonho empreendedor.
A pandemia foi péssima, isso é fato, mas trouxe muitas coisas boas. Eu já sabia que queria ter minha marca desde meu primeiro emprego, mas não me sentia preparada e sentia que precisava adquirir experiência. Na pandemia o sonho se tornou necessidade.
Ainda estava cursando a faculdade, ajudando meus pais com algumas contas da casa e fiquei desempregada. As únicas opções eram: buscar um emprego num momento em que estavam acontecendo demissões em massa ou ser autônoma e ter o mínimo de controle sobre a situação - sabendo que eu iria ganhar pelo que eu produzisse. Ela foi o empurrão perfeito para eu ver que tinha capacidade de ser autônoma integralmente e abrir meu próprio negócio.
Aos meus 25 anos, obrigada por realizar meu sonho de casar.
Uma coisa que eu não posso dizer é que planejar um casamento foi fácil e mágico, como sempre sonhei. Eu estava começando a empreender, tratando minha ansiedade, lidando com a pandemia e com as expectativas sobre as vacinas. Quando vi a dimensão de planejar um evento, eu quis desistir de uma festa e escolher algo menor e íntimo. Você leitor pode estar pensando: e porque não fez isso? Porque sempre foi meu sonho ter uma festa de princesa e eu estaria mais uma vez abrindo mão de algo por não me sentir capaz. Mesmo tendo muitos momentos ruins, eu tive muitas alegrias, chorei de emoção preparando tudo para o dia e tenho certeza hoje que eu me arrependeria.




Aos meus 27 anos,
aguardo ansiosamente por sua chegada e por todas as novas experiências. Não crie grandes expectativas, foque sempre no presente e nos momentos ordinários. Priorize mais si mesma e suas relações, o trabalho não é tudo e não te define. Viva sua rotina romanticamente, crie suas melhores lembranças, não espere que elas cheguem do nada.
Essa mensagem também vale para você, querido leitor.